the-last-of-us The Last of Us dá uma resposta sobre imunidade de Ellie em um final de temporada emocionante
O último episódio de “The Last of Us” começa com uma aparição especial para os fãs dos jogos. Uma mulher grávida, com ares ofegantes e desesperados, corre pela mata fugindo de um infectado. Ela consegue se esconder em uma casa, mas tudo acontece ao mesmo tempo na vida desta mulher chamada Anna Williams. Sua bebê nasce enquanto ela luta contra e mata o infectado. Apesar de salvar o neném, ela mesma é mordida na perna. Com o mesmo canivete com que Anna mata o corredor que a perseguia, ela corta o cordão umbilical que a liga a sua filha que acabara de nascer, depois de já ter sido contaminada. Descobrimos, então, que o nome do bebê será Ellie. O resto é história.


A atriz que interpreta Anna é Ashley Johnson, dubladora original de Ellie nos jogos. A referência divertida, de convidar a atriz para interpretar a mãe de Ellie, carrega consigo um momento grandioso para o seriado. A contaminação durante o parto e o uso do canivete (o mesmo que acompanha Ellie posteriormente) podem ser interpretados como a origem da imunidade da garota, a razão de tudo — e, ao longo do episódio, a hipótese será reforçada. É um início emocionante para o episódio final da série que tem sido cultuada como uma das melhores releituras de videogames já feitas — senão a melhor. O ensaio de entregar uma explicação para a imunidade de Ellie é também uma oportunidade de deixar mais significativo o que ocorrerá nos próximos minutos.
ashley-johnson-voz-de-ellie-nos-jogos-participa-de-final-de-temporada-de-the-last-of-us-1678369005647_v2_750x421.jpg The Last of Us dá uma resposta sobre imunidade de Ellie em um final de temporada emocionante
Retomar a história de Ellie e mostrar como ela foi capaz de se tornar imune ao Cordyceps, embora jamais houvesse tido escolha em relação ao acontecimento, faz com que a decisão de Joel seja ainda mais passível de questionamento, mas o mesmo vale para a decisão de Marlene (Merle Dandridge):

Seja qual for a resposta que vai na cabeça e no coração de cada um, o último episódio da primeira temporada cumpre com louvores a missão que lhe foi entregue. Testemunhamos uma transformação na forma como Joel enxerga (ou, finalmente, admite enxergar) sua relação com Ellie. Algo se quebrou e se reconstruiu dentro deste homem endurecido pelo pós-apocalipse, e quando ele foi estapeado pelo laço afetivo que criou com sua protegida, nos eventos do episódio anterior, é como se tivesse despertado de uma certa apatia emocional para a qual estava entregue desde a morte de Sarah.

O que aconteceu no episódio? 

Quando Joel e Ellie finalmente chegam ao hospital, na base dos Vaga-Lumes, Marlene já está lá. A dupla é nocauteada por alguns guardas, e Marlene revela a Joel qual será o procedimento médico que, teoricamente, seria capaz de encontrar a causa da imunidade de Ellie para o desenvolvimento de uma cura. Para isso, no entanto, Ellie seria sacrificada, já que os Cordyceps se desenvolvem no cérebro, e é este o órgão que a equipe médica precisaria estudar. A ideia de matar a menina desperta a fúria em Joel, e o homem se torna uma máquina irrefreável de matar, deixando um rastro de sangue atrás de si para tirar Ellie da mira da morte.


Há um traço poético na direção da sequência principal, aquela que conduz a narrativa do arco final do jogo, com Joel enfrentando guardas pelos corredores do hospital até chegar à sala de cirurgia. A escolha contrapõe dois pontos: embora seja uma sequência abarrotada de ação e com altíssimo potencial sanguinário e de exposição da brutalidade de Joel e desta realidade, o episódio escolhe focar no lado emocional das ações do personagem: Joel não está pensando necessariamente nas pessoas que está sacrificando, seu objetivo é encontrar Ellie e salvá-la, custe o que custar. 

Desta forma, nada daquilo é colocado como se fossem ações heroicas. A escolha de conduzir a sequência com a trilha musical serve para colocar o espectador dentro da cabeça de Joel, mostrando o ponto de vista dele e sem optar pelo choque como reação principal. No entanto, isso faz com que o choque acabe sendo mais real. O público tem a opção de enxergar em primeiro plano o quanto Joel não pensava em nenhum daqueles guardas como pessoas. Eles eram inimigos.

Pensando na percepção da audiência, o que difere “The Last of Us” de outros seriados de sobrevivência (como “The Walking Dead”) é justamente essa escolha de não focar no quanto cada um está disposto a sacrificar pelas pessoas que ama, mas sim no que significa ter alguém dependendo de você quando tudo em volta parece desmoronar. A todo momento isso faz com que a percepção do público daquela relação — neste caso, de pai e filha — se fortaleça.


Por isso, a primeira temporada de “The Last of Us” chega ao fim com um novo mundo diante de Joel e Ellie — e um em que o respeito mútuo entre os dois é parte essencial para a continuação da jornada. Se a escolha de Joel ao salvar Ellie é questionável, a excelência da entrega de uma temporada que pesa o tempo todo causa e consequência, e garante que a existência dos laços afetivos é primordial para que a audiência seja capaz de se conectar com a história, definitivamente não é.


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